Danièle Hervieu-Léger. Socióloga francesa. |
Diante
da necessidade e anseio de se reconhecer e ser reconhecido enquanto indivíduo
crente (para os que assim o querem, ressalvando o direito à não-crença) num
mundo onde as religiões históricas não são eficazes em oferecer sentido e respaldo para a
fé, Danièle Hervieu-Léger (1947), socióloga francesa, faz um resgate sobre as
figuras religiosas da Modernidade em seu livro “O Peregrino e o Convertido: A
religião em movimento”, traduzido para a língua portuguesa em 2008. É notável a
preocupação da autora em não fazer juízo de valores sobre o desempenho e o
papel das instituições religiosas nos tempos modernos, se atentando à análise
do dado religioso e suas implicações na Modernidade de forma imparcial.
É
recorrente que as pessoas que não se encontram no cerne (quem sabe até mesmo
nas periferias) das práticas de determinada instituição religiosa respaldem suas
concepções de mundo e fomentem suas relações comunitárias pela individualidade
(nos mais diversos sentidos o possível) e pelo crivo da concepção republicana
de laicidade e liberdades individuais.
Acontece
que o conceito de laicidade é, por muitos, desenvolvido com uma série de equívocos.
Usa-se muito tal artifício de mediação de conflitos, por exemplo, de forma a
reprimir e deslegitimar a importância do dado religioso no âmbito privado e
comunitário bem como pretexto para um sorrateiro (às vezes exacerbado)
preconceito religioso. Em seu livro, a socióloga resgata a historicidade do
movimento laico e suas implicações ao longo do tempo. Ao mesmo tempo, mostra
que seu atual papel não é criar um Estado sem religião, mas sim, um Estado que
reconheça a pluralidade religiosa dando indícios de que a Modernidade não deixou
de reconhecer a(s) religião(ões) como uma categoria importante para a(s)
sociedade(s).
A
obra de Danièle sugere a todo momento, uma Modernidade pautada pelo movimento
(no sentido literal da palavra) religioso. As figuras religiosas do peregrino e
do convertido fazem alusão a esse movimento e, pela contextualização dessas categorias,
a autora consegue aproximar aqueles que se questionam sobre sua real pertença
religiosa (ou a simples existência dela) a uma compreensão sobre o fenômeno
religioso no qual vivemos atualmente.
Livro muito bom e esclarecedor. Aproveitei o bastante para enriquecer minha tarefa (dissertação sobre o papel das crenças religiosas na vida social). Obrigada pela iniciativa.
ResponderExcluirQue legal, Anna! Quando publicar compartilha sua dissertação aqui? Abraços.
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