Em um cenário desconsiderando as implicações das mudanças climáticas, o clima tropical é glamourizado pelas praias, sol e férias eternas. Como se a experiência das mudanças de estações fosse algo exclusivo das zonas temperadas. Mas nós vivenciamos as estações (que são duas seca/úmida) à nossa maneira. E o tropical continental, longe do litoral, pode ser muito cruel no fim da estação seca. O ar é difícil de respirar, a vegetação forma uma paisagem depressiva, é desolador olhar para o horizonte. Ainda mais com as queimadas naturais, acidentais e criminosas. Todas juntas. Mas vem a estação úmida para renovar nosso humor. Nós, brasileiros continentais, precisamos descolonizar nosso olhar sobre a mudança das estações. Não é o frio do inverno que pode nos atormentar, mas a sua sequidão.

Cansei de ser jovem.

Sempre fui. Velho, nunca. Um dia.

30 anos, balzaquiano.

Ainda não deu tempo.

Mas envelheço desde sempre.

Questão de… tempo.

Juventude transviada,

acelerada, jaqueta James Dean,

ou as novas tendências in.

Cada nova geração, o mesmo frenesi  

exaustiva agonia pelo porvir.

Reclamo o direito ao tempo 

à calma do envelhecer

de permitir meu corpo se transformar 

sem esconder, na ânsia de consertar

o que defeito não há.

Quero um dia meu cabelo embranquecer

fio a fio, insígnia dos prantos e sorrisos.

Reivindicando a mim o corpo que me pertence.

O gozo do amadurecer.