Pegamos um voo em Confins na tarde de uma quarta-feira (09) com destino ao aeroporto Santos Drummond. Tudo ocorreu super bem. Sem atrasos no voo, sem problemas com o tempo. Quando o comandante disse que iríamos pousar, após cerca de 45 minutos de voo, eu vi a cidade surgindo imponente abaixo de mim. Foi uma visão e tanto! Ver o Cristo, a ponte Rio-Niterói, o mar (mineiro sempre fica abobalhado ao ver o mar, não importa quantas vezes já o viu), foi muito belo. Nunca havia estado em uma cidade maior que minha BH antes, então foi interessante observar o tamanho da mancha urbana da metrópole fluminense.
Ao desembarcar, o primeiro estranhamento. Desde 2006 eu não visitava o litoral, estava super acostumado ao clima de minha cidade, o Tropical de Altitude. Ao me deparar novamente com o Tropical Litorâneo Úmido, senti um certo desconforto mas rapidamente me acostumei: "É tão úmido e quente, mas faz com que a gente se sinta tão bem" (rs). Entretanto, o litoral nos presenteia com uma sensação que nunca sentiremos em Minas: aquela brisa que vem do mar. Na noite do dia em que chegamos uma nos acometeu na praia de Copacabana que vai ficar pra sempre em minha memória.
No meio do ano passado conheci em Belo Horizonte, devido a um encontro nacional de geógrafos que acontecia na UFMG (o ENG), três estudantes de Geografia da UFF-Campos. Os três são do estado do Rio de Janeiro (um do Rio, um de Cordeiro e uma de São Gonçalo), mas todos amam a capital fluminense e despertaram em mim uma enorme vontade de conhecer a Cidade Maravilhosa, a qual eu guardava muito despeito por achar que a mídia e o governo privilegiavam em relação a outras cidades brasileiras (o que não deixa de ter um pouco de verdade). Ah! Esses estudantes são o Bruno, a Elaine e o Vicente. Eles foram super cordiais e simpáticos comigo, assim como são todas as pessoas que conheço no Rio. Infelizmente em sua própria cidade, não recebi muita simpatia dos cariocas. Já que toquei nesse assunto, vou me delongar. Talvez não seja uma questão de grosseria, pode ser apenas o jeito carioca de ser ou eu que dei azar mesmo de ser atendido somente por pessoas pouco cordiais. Mas o fato é que desde o hostel em que fiquei hospedado até os restaurantes que frequentei me senti (e também meus amigos) como se estivesse mendigando atendimento e informações. Quase sempre recebíamos respostas monossilábicas em tom ríspido. Contato visual não existia. Os garçons eram os mais desatentos que já tive notícia. Talvez eu esteja sendo muito exigente, mas estou acostumado às conversas delongadas,às prozas, ao contato visual, ao "com'é que cê tá?"... Aqui em Minas é comum que desconhecidos puxem conversa nas filas de banco ou no ônibus. Mas minha surpresa [surpresa boa] veio dos taxistas. Fui advertido várias vezes por colegas para ficar atento com eles. Peguei meu primeiro táxi super desconfiado. Mas de forma geral, os taxistas foram super simpáticos. Nenhum deles se aproveitou do fato de sermos turistas para fazer rotas mais longas (acompanhei tudo quietinho pelo GPS, sou esperto XD). Outra exceção também foi o restaurante Monchique em Copacabana. Atendimento e preço de qualidade, fiz questão de deixar uma recomendação no Foursquare. (rs).
Bem, vamos aos pontos turísticos. Infelizmente eu não pude visitar tudo o que a cidade oferece, claro. Tive que fazer o Plano JK (50 dias em 5). Mas de forma geral eu visitei bastante lugares e amei todos. Uma facilidade foi o fato de eu ter ficado hospedado na Zona Sul (fiquei em Copacabana, próximo ao Posto 5), então o acesso era muito fácil, tanto a pé, quanto de metrô. Ah! táxi no Rio também é uma maravilha. O preço é muito baixo em comparação a Belo Horizonte. Mas também é possível fazer caminhadas sem se cansar já que a cidade é plana, ao contrário de BH que mata a gente já no primeiro quarteirão depois de subir um morro. Rio de Janeiro também está super preparada pra receber turistas. Ficar perdido lá é impossível. Tudo muito bem informado (inclusive em inglês e espanhol), transporte público me serviu muito bem. Ter um litoral já ajuda na percepção espacial (por sorte em BH temos a Serra do Curral, senão não teríamos uma referência natural para nos localizarmos), dividido em postos então... Era só entrar no táxi e dizer: "Posto 5!". O Posto 9 me chamou a atenção pela bandeira LGBT ateada lá. (É o território colorido do Rio).

Falando em praças, não pude deixar de notar a ausência delas. Parece que carioca não é muito ligado a praças. Deve ser coisa de mineiro mesmo. Em BH tudo é nas praças (mas também, com um calçadão de Ipanema e praia, as praças não ficam tão chamativas). Essa presença do litoral mexe muito com o estilo de vida das pessoas. A moda carioca te deixa mais à vontade. É muita bermuda, muito chinelo, muito vestidinho e batinha, muitos acessórios... os cabelos são super cacheados, os blacks são assumidos. Parece que a mulher carioca já superou a chapinha. Eu saía a noite e frequentava restaurantes com certo requinte calçando chinelo. Isso em Belo Horizonte é inimaginável! O mineiro é muito conservador com roupa, isso é fato. Tênis e calça são indispensáveis em quase todos os ambientes.
A música também foi notável. No táxi, no supermercado, o samba está em todos os lugares. Carioca gosta mesmo de samba (e eu também rs). Em Minas o sertanejo é quem owna, sem dúvidas. (Eu troco Paula Fernandes pela Marisa Monte, que tal? rs. Brincadeira!).
No Rio eu fui ao meu primeiro Starbucks já que aqui em BH ainda não tem. Imagina o quanto meus olhos brilharam quando eu vi o cafe! O Renato, por outro lado, ficou deslumbrado com o KFC, que também não tem por aqui ainda. Outros ambientes que gostei foi o bar/restaurante mexicano Rota 66 e o restaurante chinês Chon Kou, este, apesar do péssimo atendimento nas duas vezes em que fui, tem uma vista magnífica pro mar. Ah! Não posso deixar de citar novamente a churrascaria Monchique. Já falei que amei tudo lá? (rs).
Apesar de tudo, a Zona Sul não é tão servida de bares e todos fecham muito cedo. Senti a falta de uma Savassi, de um Sion por lá. A quantidade relativa de bares em Belo Horizonte é muito maior. Não é a toa que nossa cidade é a Capital Mundial dos Botecos. Fomos em um barzinho no Leblon que fechou 01:00 a.m.!
Não dá pra deixar de notar a quantidade de turistas que tem no Rio. Nunca ouvi tanta língua em um lugar só. Ao todo, durante a viagem, contei oito: Português, Inglês, Espanhol (até demais pro meu gosto), Francês, Alemão, Árabe, alguma língua eslava que obviamente eu não consigo identificar (talvez seja Russo) e uma língua oriental que suspeito que seja Coreano. Só conversei com um sul africano que não tava muito pra papo. O lugar em que eu menos ouvi o Português foi no Cristo Redentor e esse eu deixei pro final porque foi uma das melhores partes da viagem.
A despedida foi no Domingo (13) ainda pela manhã. Nosso voo saiu cedinho, também sem problemas. Quando decolamos fiquei uns últimos minutos admirando a Cidade Maravilhosa pelo céu e pensando: "valeu à pena!". E realmente, "o Rio de Janeiro continua lindo!".
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