quarta-feira, 15 de maio de 2013

Minhas considerações sobre o livro "O Peregrino e o Convertido: A religião em movimento" de Danièle Hervieu-Léger


           
O livro em sua versão em Português.

                As questões relativas à pertença religiosa em tempos de ausência (ou acentuado enfraquecimento) da ação reguladora da fé pelas instituições religiosas, comumente levam a mais questionamentos e dúvidas do que a direcionamentos e respostas propriamente ditas.
Danièle Hervieu-Léger. Socióloga francesa.
            Diante da necessidade e anseio de se reconhecer e ser reconhecido enquanto indivíduo crente (para os que assim o querem, ressalvando o direito à não-crença) num mundo onde as religiões históricas não são  eficazes em oferecer sentido e respaldo para a fé, Danièle Hervieu-Léger (1947), socióloga francesa, faz um resgate sobre as figuras religiosas da Modernidade em seu livro “O Peregrino e o Convertido: A religião em movimento”, traduzido para a língua portuguesa em 2008. É notável a preocupação da autora em não fazer juízo de valores sobre o desempenho e o papel das instituições religiosas nos tempos modernos, se atentando à análise do dado religioso e suas implicações na Modernidade de forma imparcial.
            É recorrente que as pessoas que não se encontram no cerne (quem sabe até mesmo nas periferias) das práticas de determinada instituição religiosa respaldem suas concepções de mundo e fomentem suas relações comunitárias pela individualidade (nos mais diversos sentidos o possível) e pelo crivo da concepção republicana de laicidade e liberdades individuais.
            Acontece que o conceito de laicidade é, por muitos, desenvolvido com uma série de equívocos. Usa-se muito tal artifício de mediação de conflitos, por exemplo, de forma a reprimir e deslegitimar a importância do dado religioso no âmbito privado e comunitário bem como pretexto para um sorrateiro (às vezes exacerbado) preconceito religioso. Em seu livro, a socióloga resgata a historicidade do movimento laico e suas implicações ao longo do tempo. Ao mesmo tempo, mostra que seu atual papel não é criar um Estado sem religião, mas sim, um Estado que reconheça a pluralidade religiosa dando indícios de que a Modernidade não deixou de reconhecer a(s) religião(ões) como uma categoria importante para a(s) sociedade(s).
            A obra de Danièle sugere a todo momento, uma Modernidade pautada pelo movimento (no sentido literal da palavra) religioso. As figuras religiosas do peregrino e do convertido fazem alusão a esse movimento e, pela contextualização dessas categorias, a autora consegue aproximar aqueles que se questionam sobre sua real pertença religiosa (ou a simples existência dela) a uma compreensão sobre o fenômeno religioso no qual vivemos atualmente.


            

2 comentários:

  1. Livro muito bom e esclarecedor. Aproveitei o bastante para enriquecer minha tarefa (dissertação sobre o papel das crenças religiosas na vida social). Obrigada pela iniciativa.

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    1. Que legal, Anna! Quando publicar compartilha sua dissertação aqui? Abraços.

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