sábado, 19 de julho de 2014

Adeus aos que se foram

"São só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida;" (Fernando Brant & Milton Nascimento)

Certa vez me peguei refletindo sobre aquelas pessoas que passaram por nossas vidas, deixaram uma forte marca, mas que por algum motivo se foram. Não é minha intenção encontrar culpados ou cobrar posicionamentos. Apenas quero externalizar a angústia que isso representa pra mim, familiar e nostálgico que sou.

Quando criança, em meu acalentador microcosmos, pensava que todos fossem eternos. Não havia aprendido a dizer "adeus". As pessoas com quem vivia voltavam para casa ao cair da noite. Aos fins de semana visitava meus parentes, que na verdade eram também meus vizinhos, sabendo que no sábado seguinte estariam lá novamente. De fato, toda a vizinhança se conhecia. Os encontros na rua, típicos dos bairros de periferia, fomentavam amizades, inimizades, convivência. Meus colegas de escola me acompanharam desde o jardim até a oitava série. Deixamos de ser crianças e entramos na puberdade juntos. Quanta vivência construímos e compartilhamos!

Mas o fato é que quando a gente cresce percebe que a vida é feita de encontros e desencontros. Aqueles que seriam eternos talvez não estejam mais lá, ou quem sabe, tenham se tornado secundários. Enfim aprendemos que um "até mais" pode não se concretizar. Hoje aprendi a superar as despedidas e viver sem aqueles que foram importantes para mim. Prossigo meu caminho, ganho o mundo, mas não posso negar que em meu coração existe uma brecha deixada por vocês. Tenho saudades do meu pai, do quarto com o cheiro da minha irmã. Tenho saudades do clubinho do Francisca Malheiros, da queimada na rua. Tenho saudades da vizinhança que deixei. Tenho saudades dos lugares por onde passei, das pessoas que conheci.

Isso é pelo Tupí; Isso é pelo Francisca Malheiros; Isso é por meu pai; Isso é pelo Tio Miguel; Sol; Bruna; Luan; Jéssica; Alice; Larissa; Juliana; Tia Verlaine; Paula; Flávia; Vinícius; Thales;