terça-feira, 29 de janeiro de 2013

My Farewell to Karine

O que me traz aqui hoje depois de tanto tempo é a angústia da despedida.

No início da semana, uma amiga muito querida (Camila) perdeu sua pequena irmãzinha, Karine Dias, de apenas 19 anos. Eu recebi a notícia através de um post no facebook da minha amiga, desolada pelo acontecido. Os dias anteriores já haviam sido muito fúnebres devido à tragédia de Santa Maria que mexeu com o coração de todo o Brasil e tomou conta da mídia internacional. Camila e eu também havíamos ficado bastante comovidos com o acontecimento. Não obstante ao luto nacional decretado pela presidenta Dilma devido à tragédia, minha amiga adere ao luto por sua irmã poucos dias depois.

Eu conheci a Karine há cerca de dois anos. Eu tinha muita vontade de conhecê-la, pois minha amiga sempre falava sobre ela. Além de irmãs, eram muito amigas. O que me fazia muito lembrar de minha boa relação com minha própria irmã. Me lembro muito bem do dia em que nos conhecemos. Estava com meu amigo Diego, no Shopping Cidade, em Belo Horizonte, quando Camila chegou com sua irmã. De cara nos gostamos. Lembro que ela tinha um cabelo cacheadinho, muito lindo. Diego e eu chovemos elogios sobre ela. Não era apenas a beleza física que fez com que fôssemos cativados. Ela também esbanjava simpatia e se mostrou uma pessoa doce e alegre. (A foto ao lado foi tirada naquela noite).

Um segundo momento que me marcou com Karine foi em uma apresentação de teatro no qual ela atuava. Fui convidado e aceitei o convite de bom grado. Inclusive me senti lisonjeado. A peça era de cunho cristão. Camila, Diego e eu não nos damos muito bem com o meio cristão, mas por Karine, deixamos as ideologias de lado naquela noite. Aliás, é notável que Karine era uma menina cristã. Não dessas intolerantes que vemos por aí, mas aquele tipo de cristão que faz com que tenhamos um pouco de tento na língua antes de criticar.


Karine estava no sertão nordestino, em um trabalho missionário com sua igreja. Eu lembro das diversas postagens nas quais ela, empolgada, falava de como iam seus trabalhos. No regresso a Belo Horizonte, ainda no estado da Bahia, nossa querida foi pega por uma tromba d'água no rio em que nadava.e faleceu.

Conceber a morte é algo muito difícil para mim. Como pode hoje eu ser e amanhã já não ser? Durante todo o dia a música "The Phantom Agony" da banda Épica me passava pela cabeça, cuja letra diz: "What's the point of life and what's the meaning if we all die in the end? Does it make sense to learn or do we forget everything?". Agora que Karine se foi, sinto como se parte desses acontecimentos tivessem ido consigo. É um vazio inexplicável que dói. Perdemos uma pessoa doce, com talento na arte e na escrita. Uma perda irreparável. Intrigante é que no início do mês, Karine postou um texto em seu blog. Cheio de metáforas e carregado com suas crenças espirituais, o texto me fez sentir como se ela narrasse o momento da tragédia. Apesar de minha descrença, é um conforto imaginar que ela tenha passado por tudo da forma como narrou.

A última vez que a vi foi há alguns meses atrás quando nos encontramos por acaso. Me cumprimentou com um sorriso radiante e essa será a última memória que tentarei guardar comigo.



Essas palavras que escrevo não têm um objetivo em específico. Só preciso de um meio para falar sobre minha angústia sem fazer alarde, já que nesse blog não há muitas visitas. Sem trazer a tragédia à memória de minha amiga já que há pessoas o suficiente fazendo isso no Facebook e no Twitter. Karine, obrigado por ter sido tão inspiradora durante seu curto período entre nós. Camila, por mais que tenhamos nos distanciado agora que você mora em São Paulo, estarei sempre aqui por você. Minhas recordações com você são infinitas. Seja pela minha camisa de frio que você roubou, pelo machucado que me fez enquanto dançávamos "Good Girl Go Bad" de Cobra Starship na casa da Amanda, seja por Ragatanga ou pelo Diário de uma passiva. Não sofra sozinha!