domingo, 14 de março de 2021

A montante e a jusante

Em uma das primeiras noites com você conversamos sobre os rios Solimões e Negro. Você tinha assistido a um documentário na noite anterior e estava intrigado com o fato de os dois rios não se misturarem logo de cara quando se juntam. Mal sabíamos naquela noite que o nosso datezinho se desenvolveria como ocorreu.  E eu fico pensando como nosso relacionamento me lembra muito esses rios. Um nasce nas montanhas do Peru, o outro nos planaltos venezuelanos. Um é racional, o outro é sentimental. Um tem águas barrentas de sedimentos, o outro tem águas escuras de matéria orgânica. Um é da noite, o outro é do dia. Um é meandrado, o outro é corre reto. Um é a drag queen mais incrível dessa cidade, o outro é o discreto professor de Ensino Médio. Mas no fim ambos os rios se encontram em Manaus onde passam a correr juntos. No início não se misturam, são diferentes demais! Mas a medida que correm juntos vão se ajustando um ao outro para formar o grande rio Amazonas. Dois rios que sozinhos são incríveis! Mas juntos, são gigantes!


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O grande rio encontrou sua foz e chegou ao fim. Chego ao mar e posso navegar em qualquer direção, para qualquer terra neste vasto oceano. Que surpresas me aguardam? Não sei. Mas sigo navegando para descobrir. Que bom que construí um bom barco e me cerquei de boas companhias para velejar.

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